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Não Há Penumbra Em Uma Insígnia
(2021)

nasce de questionamentos acerca da primazia imagética, sobretudo iconográfica, em detrimento da vivência empírica. A subtileza na qual os ícones e símbolos operam garante-os serem tanto criados, quanto criadores da experiência social. São imagens-palavras que mapeiam e ratificam relações de todas as matrizes possíveis, aproximam-se tanto da resistência, quanto da coerção e da cedência; companheirismo e aversão; publicidade e propaganda em simultâneo. Não é atoa que a história da bandeira, um dos media mais carregados desta simbologia, cruza com a historicidade bélica.

 

Usada maioritariamente para demarcar exércitos aliados através de brasões nos primórdios civilizatórios pan-asiáticos, africanos e europeus, é na Idade Média romana que a bandeira encontra cromática e esquemática que facilita a expansão de suas áreas de uso.  Em ”Não Há Penumbra Em Uma Insígnia” a bandeira abdica da sua função comunicativa, a imagem-palavra torna-se nula na medida em que não dispõe iconografia. O pano translúcido sequer retém imagem: não há nada para além de um vídeo em plano fixo de uma varanda qualquer, em uma casa qualquer, onde nada de especial acontece. A bandeira continuar a bradar que lá está, mas a única mensagem que lá estão as micro variações do dia-a-dia: alguém a dirigir-se ao seu carro, a passear seu cão, um camião a dar meia-volta ou um ferro velho a amassar eletrodomésticos avariados.

 

Ao criar esta substituição da posse de um símbolo claro e mínimo por uma divagação sem propósito, a bandeira tem seu ego ferido. Alegadamente cessa sua comunicação. Entretanto, comunica na medida em que sua silhueta eclipsa parte do vídeo que é visto e por consequência, seu próprio símbolo.

 

There Is No Twilight In An Insignia

(2021)

arises from questions about the primacy of imagery, especially iconography, to the detriment of empirical experience. The subtlety in which icons and symbols operate ensures that they are both created and creators of social experience. They are images-words that map and ratify relationships of all possible matrices, they are as close to resistance as they are to coercion and compromise; companionship and aversion; publicity and propaganda simultaneously. It's no coincidence that the history of the flag, one of the media most laden with this symbolism, intersects with the history of war.

 

Mostly used to demarcate allied armies through coats of arms in the early days of pan-Asian, African and European civilization, it was in the Roman Middle Ages that the flag found a chromatic and schematic design that facilitated the expansion of its areas of use.  In "There Is No Twilight In An Insignia" - the flag abdicates its communicative function; the image-word becomes null and void insofar as it has no iconography. The translucent cloth doesn't even hold an image: there's nothing but slow-moving image taken at a balcony in a house where the anxiety of something happening lingers throughout 30 minutes without ever materializing. The flag keeps shouting that it's there, but the only message there is the micro-variations of everyday life: someone going to their car, walking their dog, a truck turning around or a junkyard denting broken appliances.

 

By creating this substitution of the possession of a clear and minimal symbol for a purposeless digression, the flag has its ego wounded. It allegedly ceases to communicate. However, it communicates to the extent that its silhouette eclipses part of the video being viewed and, consequently, its own symbol.

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